O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente. (Fernando Pessoa)
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Pretérito no Presente
Essa ideia de tudo ser tão passageiro me aterroriza. O estar agora e daqui a pouco não estar mais me tira o sono, o som, o gosto. E se não fossem as marcas que deixam, eu certamente perderia o juizo na eterna dúvida de se o passado deveras passou ou se não passou de fruto da minha insana mente. É o chegar agora e já ter que ir embora. É o amar tão profundamente hoje, ao ponto de amanhã não saber por onde anda. É o aprender agora e em instantes não saber mais. É o mudar de ideia, de partido, de sentido. É o mundo girando, o sol aquecendo, a chuva molhando, a lágrima correndo. É o curso natural das coisas confundindo. É o mundo mudando, a criança crescendo, o velho morrendo, o novo matando. São os ponteiros correndo e os pontos ficando, deixando marcas de fim e começo ou reticencias pra ir prolongando. São os dias passando, é você indo e outros chegando. Sou eu me perguntando onde vou, sem saber pra onde foi, sem saber pra onde fui, sem saber por onde a vida vai. Sou eu juntando as peças de tudo aquilo que ficou, do pouco que sobrou das coisas que você deixou. São eles perdendo o foco, é a foto perdendo a cor, é você deixando em branco as mal traçadas linhas que desenhou. Sou eu buscando um fim pra outra historia que mudou ou quem sabe outro inicio pra uma que só começou.
Por: Eu mesma. Ao Som de: Não Mais - Abril
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Sem palavras para esse post.
ResponderExcluirPerfeito. estamos o tempo o todo a correr de uma coisa a qual estamos presos.
Adorei seu blog
http://www.coisasdodoug.blogspot.com